quinta-feira, 30 de junho de 2011

A Indústria do Petróleo e o Meio Ambiente



Ao se discorrer sobre este tema necessariamente deve-se refletir sobre o modelo de desenvolvimento que impulsionou o crescimento industrial das sociedades capitalistas no século XX.
Ao iniciar um novo milênio, todos os esforços para buscar uma equação para a redução da emissão de poluentes na atmosfera, como a dos níveis de dióxido de carbono proposto pelo Protocolo de Kyoto, esbarram na resistência dos países industrializados e no voto contrário a ratificação do governo americano. Bush não somente mantém a posição já conhecida dos EUA, como também propõe a flexibilização das leis ambientais para incentivar o aumento da geração de energia elétrica. Tais posturas fazem parte de um cortejo movido e cinismo e manutenção de um ciclo de dominação econômica, que se perpetua voltado para os interesses dos grandes grupos industriais.
Este modelo tem levado às últimas conseqüências a lógica do lucro, pouco importando-se com a saúde e a segurança dos trabalhadores e da população ou com as conseqüências para o meio ambiente e, com as condições de vida no Planeta para as gerações futuras. E é sobre estes fatos que refletiremos neste artigo.

Uma indústria poluidora e de alto risco
Têm razão os que apelidaram o petróleo de "ouro negro". Suas propriedades fisico-químicas viabilizaram o transporte individual em altas velocidades. Conseqüentemente viabilizaram duas das indústrias mundiais mais rentáveis do século XX: a indústria do petróleo e a indústria automobilística. Ambas se alimentam e são interdependentes.
Consumir petróleo e seus derivados significa devolver para a atmosfera, sob a forma de gases e poeiras, uma massa enorme de carbono e outros elementos como enxofre e nitrogênio, que foram retirados desse meio há milhões de anos. Estima-se hoje que o planeta esteja consumindo cerca de 100 milhões de barris equivalentes de petróleo por dia. Essa massa de petróleo e gás é quase toda queimada, transformando-se basicamente em gás carbônico. É uma massa de carbono sem precedentes na história, jogado artificialmente na atmosfera.
Mas essa massa de gás jogada na atmosfera é apenas um dos fatores de agressão à natureza promovido pela indústria do Petróleo. As agressões ocorrem em todas as etapas dessa indústria.
Na simples exploração de possíveis campos de petróleo já são utilizadas explosões com dinamites. Alguém pode imaginar os efeitos sobre a fauna exposta a esses eventos?
No processo de perfuração de poços são descartadas lamas oleosas. Nas instalações de produção há sempre riscos de derramamentos, de incêndios e, normalmente são descartados rejeitos com enormes potenciais de agressão à natureza como as águas de produção, em geral com alta salinidade e que são descartadas ainda contendo significavas massas de óleo.
Nos vários meios de transporte de óleo dos campos de produção até as unidades de refino, há também enormes riscos envolvidos tais como derramamentos e incêndios seja em transporte por água, dutos, ferrovias ou rodovias. Exemplos lamentavelmente fazem parte da nossa memória. O caso do Exxom Baldez é apenas o maior em termos de agressão à natureza. A explosão em gasodutos subterrâneos em uma cidade mexicana há alguns anos talvez seja o maior em vítimas humanas. Mas, para ficar no Brasil, lembremos da Vila Socó (SP), com suas centenas de mortes.
Ao lembrarmos que os grandes centros consumidores de petróleo de maneira geral situam-se distantes dos grandes pólos produtores, com facilidade iremos perceber que todos esses riscos estão presentes e se multiplicam ao longo de todas as milhas percorridas pelo petróleo em sua viagem de seu sítio de origem até as refinarias.
Quando o petróleo chega em uma refinaria se inicia uma nova etapa que se caracteriza por elevados riscos à saúde e de agressão à natureza: a indústria do refino é das mais intensivas na utilização de dois insumos caros à humanidade; água e energia. E a água que utiliza, ao menos no Brasil, ainda é descartada contendo grande quantidade de óleo, além de outras matérias orgânicas e metais. A grande imprensa costuma noticiar que a indústria do Petróleo é a maior poluidora da Baía da Guanabara por exemplo. E têm razão para esta assertiva.
Por serem grandes consumidoras de energia, e em geral serem auto-suficientes neste insumo, as refinarias são grande consumidoras de petróleo e seus derivados, constituindo-se, portanto, em grandes agressoras da atmosfera.
Mas depois das refinarias, os produtos ainda têm que chegar aos distribuidores finais. E aí há mais uma "viagem" a ser feita em caminhões, muitas vezes por estradas em péssimas condições, atravessando vilas sem nenhum tipo de cuidado para evitar acidentes. E eles vêm ocorrendo. Lembremo-nos do trem descarrilado e incendiando em Pojuca (Ba). Quantos caminhões já tombaram com produtos inflamáveis por nossas estradas?
Mas os problemas não param no transporte. Ë na última etapa de comercialização que os riscos aumentam e se multiplicam. Por serem dispersos e pequenos, é que passam despercebidos, mesmo pelos órgãos de fiscalização ambiental.
  • Quantos depósitos de pontos de comercialização de gás de cozinha operam neste país sem os mínimos cuidados com segurança?
  • Quantos postos de gasolina operam com tanques vazando, e com descarte de produtos derramados – ou usados – diretamente para as redes de esgotos pluviais?
  • Quantos frentistas operam respirando hidrocarbonetos e, portanto, se expondo diretamente a agentes cancerígenos nos mais de 25 mil postos brasileiros?.
Obviamente que todos os potenciais de riscos podem ser minimizados com a tecnologia já desenvolvida pela indústria do petróleo e o cumprimento da legislação já existente. No entanto, a impressão que passa é que a humanidade, obcecada pelas emoções e facilidades que os produtos do "ouro negro" lhe propicia, pouco se dedica a evitar suas desastrosas conseqüências. O estilo de vida na sociedade de consumo hoje é caracterizado por atitudes individuais, individualismo muito em voga, como a opção pelo transporte por automóvel, 25 vezes mais poluente do que os veículos de transporte coletivo.


Análises de catástrofes mostram que elas poderiam ter sido evitadas
Após cada grande acidente ocorrido nas últimas décadas tem ficado claro que os donos da indústria do petróleo, e os legisladores de maneira geral, pouco se dedicaram a prevenir catástrofes. Qualquer iniciado poderia prever o que ocorreu em Vila Socó, com uma favela construída sobre dutos de combustíveis. Mas ela estava lá, esperando a hora para virar vítima. E ainda hoje as faixas de segurança em torno de petróleo e seus derivados são pouco respeitadas, haja visto o recente acidente, que poderia ter sido pior em suas conseqüências, ocorrido em um conjunto residencial de luxo em São Paulo.
Precisou ocorrer aquele enorme vazamento no Alasca para que os legisladores internacionais passassem a exigir navios de casco duplo para o transporte de petróleo.
No caso do acidente da Baia da Guanabara a análise demonstrou que com alguns instrumentos de controle e maior número de operadores, no mínimo o vazamento poderia ter sido detectado e estancado logo no início. A sangria negra destruiu manguezais, matou espécies nativas e contaminou seriamente o já combalido espelho d´água da Baía da Guanabara que levará anos para recuperação.
No caso do acidente de Enxova em 84, os equipamentos que estavam lá para trazer segurança e salvar, de nada adiantaram!. E porque o grande número de mortes se havia equipamentos de segurança? Porque eles não haviam sido suficientemente testados e sequer os trabalhadores tinham o necessário treinamento para operá-los.
No caso do acidente da P-36 ficou claro que houve falhas de projeto. Algo óbvio não fora respeitado: elementar, em área sujeita a hidrocarbonetos, os equipamentos elétricos precisam ser adequadamente protegidos e isto não ocorreu, resta a indagação, porque?
Por trás desses erros fica claramente a impressão que os empresários dessa indústria – ainda que estatais – trabalham de olho grande nos lucros e muito pouco investem em prevenir os riscos inerentes a esta atividade e que são sobejamente conhecidos.
Espanta a obviedade das soluções que evitariam grandes acidentes nesta indústria. E não foram evitados por que? A pressa em produzir, a busca de recordes de produção a qualquer custo e o olhar direcionado para os enormes lucros. Além disso a progressiva redução de pessoal que deveriam cuidar dessa prevenção, agrava os problemas já existentes. A empresa vem desconsiderando os alertas técnicos apontados nesta direção.

A terceirização e a precarização no trabalho em uma indústria de ponta
A política de terceirização levada a cabo pela Petrobrás, levou a uma precarização da relação de trabalho, a uma redução do nível de qualificação e de treinamento da mão de obra contratada e a um aumento dos acidentes de trabalho.
Grande parte dos acidentes com perda de tempo e mesmo acidentes fatais, vem ocorrendo nas instalações da Petrobrás com trabalhadores terceirizados. Os números da própria empresa demonstram claramente este fato. Além disso, existe
uma relação de trabalho desigual e injusta quando comparados aos efetivos próprios da empresa, em relação aos direitos sociais, estes trabalhadores não recebem orientação, treinamento e material de proteção adequado às suas funções.
A terceirização virou um grande balcão de negócios, sem limites contratuais nítidos em relação às obrigações que devem ter estas empresas prestadoras para com os contratados. O descumprimento da legislação é fragrante, das Normas Regulamentadoras no que tange a proteção, exames de saúde e instalação de CIPAS ao não recolhimento de FGTS e contribuições previdenciárias.
A empresa ao adotar esta política de não realizar concursos para suprir seus efetivos de pessoa, apostou errado que reduziria custos com a terceirização, no entanto jurisprudência existe sobre a responsabilidade solidária quando de acidentes com perdas materiais ou de vida de trabalhadores contratados no interior de suas instalações e a Petrobrás tem sido obrigada a desembolsar por conta disso.

A legislação não é respeitada
A organização do Estado é responsável pela aplicação da legislação que cada país tem. E esta legislação, na área de higiene e segurança industrial é fruto de grandes discussões e acordos internacionais, da qual o Brasil é signatário, como as convenções da Organização Internacional do Trabalho. Assim, seria de se esperar que os organismos de Estado fossem os primeiros a respeitar essa legislação e dar o exemplo de seu cumprimento à risca.
Não é isso o que ocorre com a indústria do Petróleo no Brasil, a despeito de ser essencialmente estatal. Plataformas de petróleo foram instaladas na Bacia de Campos e postas em operação sem que tenham havido as audiências públicas precedendo a concessão das Licenças de Operação, conforme previsto na Legislação. A Petrobrás descarta muitos efluentes sem o necessário enquadramento nos limites estabelecidos em resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente - Conama.
Assim, a impressão que fica é que, por conta dos impostos, royalties , empregos, etc que uma unidade da Petrobrás pode gerar para a localidade em que se instala e para o país, tacitamente os demais órgãos públicos não cobram dela o cumprimento da legislação na execução de seus projetos. E como a Petrobras não é cobrada, os seus gerentes pouco investem no sentido de fazer cumprir o que estabelece essa legislação.

Infelizmente, esta seqüência de falhas e omissões acabaria por levar a um grande acidente e tragédia ambiental nos últimos dois anos, agredindo o ecossistema de um dos principais pontos turísticos do planeta e a fonte de renda de milhares de famílias na Baia da Guanabara. Só a partir daí, do que a empresa chamou de fatalidade, é que a Petrobrás passou a anunciar um plano que, aparentemente, significa uma radical mudança de posição gerencial em relação a segurança no trabalho e ao meio ambiente.
Foi esse mesmo grande acidente que explicitou a conivência dos órgãos ambientais para com a agressão ao meio ambiente. No calor do debate, com a imprensa publicando tudo, multas foram aplicadas, reuniões com empresas poluidoras promovidas por órgãos ambientais, foram realizadas. Aparentemente as licenças de operação e a mudança de conduta passaram a ser cobradas.
Mas tudo isso demonstrou uma vez mais, que até então esses órgãos pareciam desconhecer que havia risco na indústria do Petróleo e que muitas unidades operavam sem licença ambiental. Explicitou também que até então esses órgãos pouco estavam cobrando em termos de atuação preventiva e de cumprimento da lei de outras indústrias agressivas situadas no entorno da Baia da Guanabara.

Lei e tecnologia apropriada existem e devem ser respeitadas
A indústria do petróleo sempre enfrentou, com sucesso, inúmeros desafios tecnológicos. E a Petrobrás, por exemplo, já conquistou dois prêmios internacionais pela liderança mundial da tecnologia de produção de petróleo em águas profundas. E os méritos destas conquistas cabem aos técnicos de seu Centro de Pesquisas e de seu Serviço de Engenharia e, também, tem que ser dito, ao corpo gerencial que desde a fundação da Petrobrás entendeu que uma empresa como esta precisaria de fortes investimentos financeiros e humanos no desenvolvimento tecnológico.
Por outro lado, inúmeros estudiosos do direito ambiental são categóricos ao afirmar que o Brasil possui uma das mais rigorosas legislações ambientais do mundo. Apesar dos vetos presidenciais, a Lei dos Crimes Ambientais e a Lei das Águas se constituem em modernos e eficientes instrumentos jurídicos para coibir a agressão ao meio ambiente. Existem, ainda, desde a década de 80, várias resoluções do Conama que, se aplicadas, evitariam inúmeras agressões ao meio ambiente que são praticadas com regularidade pela indústria do Petróleo. E o mérito desta legislação deve-se a atuação de organizações sociais e ambientalistas junto ao legislativo, mas também a todo o Poder Legislativo que já compreendeu a importância de se preservar o Meio Ambiente.
Se há capacidade tecnológica para resolver problemas e se há uma legislação no Brasil que permite coibir a agressão ao meio ambiente, só há uma explicação para a continuidade das agressões ambientais, praticada por este (bem como outros) ramos industriais no Brasil: o respeito e a preservação do meio ambiente, na realidade, ainda não são elementos decisivos na política de desenvolvimento das atividades econômicas no Brasil.

Novos padrões de desenvolvimento são necessários
Muito se tem falado, e escrito, sobre desenvolvimento auto sustentado no Brasil e no Mundo. Parece que o conceito ainda não está devidamente internalizado pela opinião pública, pela autoridades governamentais, e sobretudo pelos empreendedores.
Uma série de medidas podem e devem com urgência ser adotadas nas atividades industriais e, sobretudo, no padrão de consumo, com vistas a preservação das condições de vida em nosso planeta.
Quando se refere a indústria do Petróleo, é necessário sempre se enfatizar a necessidade de que cada governo tome medidas no sentido de incentivar meios de transportes de cargas e coletivos mais eficientes em termos de consumo de combustíveis. Assim, transportes por vias aquáticas devem ser priorizados, seguidos por ferrovias e por último em rodovias, em ordem de prioridade. Em termos de transporte de pessoas cabe aos Governos em todos seus níveis envidar esforços no sentido de aumentar cada vez mais a oferta de transportes de massas em melhores condições, capazes de estimular a redução do uso de veículos de transporte individual, mesmo para quem tem condições para bancar seus custos.
Afinal, os custos sociais deste uso recaem sempre sobre o conjunto da sociedade (construção e manutenção da malha viária, aumento de doenças respiratórias em decorrência da poluição atmosférica, tempo perdido em congestionamentos, estresse e violência no trânsito etc.).
Ainda em termos de utilização de energia no transporte, é necessário que todos os governos tomem iniciativas no sentido de subsidiar diretamente a pesquisa e uso de energias renováveis, ainda que seus custos diretos no momento sejam mais caros que os combustíveis derivados do petróleo. Os ganhos ambientais , com eliminação de custos indiretos, compensarão os diretos. Assim podemos listar:
  • uso de energia eólica e solar inclusive para carregamento de baterias para uso automotivo;
  • ampliação do uso do álcool combustível e de sua adição também ao diesel;
  • o uso de óleos vegetais em substituição ao diesel;
  • o uso de termelétricas a resíduos vegetais, a lixo, e com lenha de florestas artificiais;
  • o uso de biodigestores como alternativa para tratamento de esgotos com uso energético do biogás gerado.
Dentre as medidas urgentes de preservação ambiental e promoção da segurança podemos destacar:
  • É necessário que a legislação existente seja de fato cumprida por todos os empreendedores deste país. Neste sentido, deve-se de imediato exigir que todas as unidades industriais possuam licenças ambientais, com renovação periódica mediante inspeção, estendendo-se àquelas mais antigas, instaladas antes da existência da atual legislação;
  • É preciso haver transparência para a sociedade sobre as condições operacionais e de risco de cada unidade. Assim, é necessário que a lei das auditorias ambientais sejam cumpridas, com a publicação dos respectivos relatórios;
  • É preciso que sejam debatidos os termos de propostas de acordos de ajuste de condutas entre as empresas que apresentem situações de não conformidades ambientais com os Órgãos Ambientais, antes de suas respectivas assinaturas. Órgãos da sociedade civil, como Centrais Sindicais devem ser signatárias desses acordos.
  • As CIPAS – Comissões Internas de Prevenção de Acidentes de Trabalho - necessitam ter a necessária autonomia e apoio da Petrobrás para poderem implementar programas de antecipação aos riscos, realizar regularmente os mapa de riscos, discutir o PCMSO e o PPRA previstos nas Normas Regulamentadoras No. 7 e No. 9, respectivamente e investigar os acidentes ocorridos, inclusive envolvendo os representantes das empresas contratadas onde houver em suas reuniões regulares e SIPATs – Semanas Internas de Prevenção de Acidentes de Trabalho;
  • Por fim, é preciso que Sindicatos e Centrais Sindicais tenham assentos assegurados em Comissões de Investigação de Acidentes de Trabalho e Ambientais;

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Tecnólogo em Petróleo e Gás

Esse tecnólogo trabalha na exploração, na produção e na comercialização de petróleo, minérios e gás natural. Atua em petroleiros, refinarias, plataformas, mineradoras e no setor de serviços. Pode fazer consultoria jurídica e ambiental ou elaborar e realizar pesquisas de preços de matérias-primas no mercado internacional. Para isso, é fundamental que conheça a legislação internacional que regula as atividades ligadas ao petróleo e a seus derivados e ter fluência em inglês. Também gerencia situações de emergência e atua no controle de acidentes de trabalho e ambientais.

O mercado de trabalho

Com o início das operações do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), previsto para 2012, deverão ser criados mais de 212 mil empregos diretos e indiretos relacionados ao petróleo. "O mercado também está aquecido em razão da descoberta de petróleo na faixa do pré-sal", afirma o professor Sérgio Paulo de Melo Bendelá, coordenador do curso da UGF, no Rio de Janeiro. O pré-sal é uma área marinha de 800 quilômetros de extensão que vai do Espírito Santo a Santa Catarina. O profissional costuma trabalhar em conjunto com engenheiros de petróleo e gás, geólogos e geofísicos. Embora a Petrobras ainda não abra concurso para o tecnólogo, ele encontra muitas oportunidades em empresas que prestam serviços para a estatal. Mas atenção: os empregadores exigem fluência em inglês e constante aprimoramento, já que a tecnologia e a aparelhagem do setor evoluem rapidamente. Segundo o professor Bendelá, as principais ofertas de trabalho estão nas cidades de Macaé e Campos, no Rio de Janeiro, e Santos, em São Paulo. Mas há oportunidade de trabalho nos estados do Rio Grande do Norte, da Bahia, do Espírito Santo e no Amazonas. O profissional é contratado para trabalhar na exploração e na produção de petróleo e gás, em setores relacionados à gestão do negócio e também na manutenção e no gerenciamento de equipamentos. Empresas prestadoras de serviços ou que fabricam equipamentos para o setor também empregam o tecnólogo para as áreas operacionais e de manutenção. "O mercado está muito aquecido e faltam profissionais. As perspectivas são boas principalmente nas áreas de exploração e produção, embora também haja procura pelo setor de refino de petróleo", diz Bendelá. A já anunciada intenção das empresas Halliburton, Baker e Schlumberger, todas do setor petrolífero, de abrir centros de pesquisa no Rio de Janeiro também aquece o mercado para esse tecnólogo. Como o mercado é bastante concorrido, na hora de disputar uma vaga de trabalho levam vantagem os candidatos que tenham no currículo cursos de especialização nas áreas de logística e meio ambiente, com enfoque em petróleo. Profissionais com ênfase em mineração atuam juntamente com o engenheiro de minas em toda a cadeia produtiva do setor, como pesquisa, lavra e beneficiamento, venda de equipamentos, supervisão de projetos, perfuração e logística. Os grandes projetos de mineração localizam-se em Minas Gerais, Tocantins, Goiás, Pará e Bahia e são tocados por empresas como a Vale e a Votorantim.

Salário inicial: R$ 2.550,00 (6 horas diárias; fonte: Confea/Crea).

 

O curso

Você estuda matemática, física, química, geologia, prospecção, fontes alternativas de energia e técnicas de exploração e refino do petróleo. Constam ainda do currículo armazenamento e transporte, gestão ambiental e logística. Além dessas disciplinas, diretamente ligadas às atividades de exploração, produção e distribuição do petróleo e gás natural, o curso dá uma base também a quem deseja atuar na administração e no planejamento do negócio, com noções sobre empreendedorismo, direito do petróleo, gerência e avaliação de projetos, economia e contabilidade.

Duração média: dois anos e meio.

sábado, 21 de maio de 2011

Petrobras recusa contratação de tecnólogos

Embora as perspectivas para o tecnólogo em petróleo e gás sejam promissoras, a Petrobras, uma das principais empresas com potencial de oferecimento de empregos, restringe a atuação desse profissional. A disputa já foi parar até na Justiça, em ações civis públicas
 
“A Petrobras insiste em não aceitar tecnólogos de forma explícita, em seus editais de concursos”, afirma o diretor do Sindicato dos Tecnólogos do Estado de São Paulo, Décio Moreira. “Isso se reflete, de uma certa maneira, nas empresas que trabalham para a Petrobras. Há notícias de empresas que não contratam, porque a Petrobras não aceita os tecnólogos”, afirma.
 
empresa justifica, por meio de sua assessoria de imprensa, que “avalia que os profissionais com título de bacharel, por possuírem uma formação mais completa, são aqueles que atendem plenamente às exigências inerentes às atividades da Petrobras. O plano de cargos da Petrobras prevê a contratação de profissionais de nível médio e nível superior para preenchimento dos cargos, não inclui tecnólogos”.
 
“Nós temos uma ação civil pública contra a Petrobras pela discriminação. A empresa tem toda a liberdade de contratar o profissional que deseja. A Petrobras, que é referência nacional, afeta na imagem do profissional”, diz Moreira.

“Essa é uma questão bastante negativa para os alunos. Muitos têm o sonho de fazer concurso para a Petrobras. Isso baixa até mesmo a auto-estima dos universitários”, afirma Gladstone Peixoto Moraes, professor do curso de tecnólogo em petróleo e gás do Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos (Cefe-Campos), em Macaé, no Rio de Janeiro. “O Cefet tem conversado com o Ministério da Educação, mas não há abertura com a Petrobras.”

Mais otimista, a coordenadora do curso de tecnologia em petróleo e gás da Universidade Católica de Santos (Unisantos), Adriana Florentino de Souza Leoni, estima que a questão se resolva com o tempo. “Levando em conta que quem lançou o curso foi o Ministério da Educação e que a Petrobras é uma empresa com participação governamental, esperamos que os dois falem a mesma língua”, afirma.

Exigência de registro
Conforme o cargo exercido, o tecnólogo pode precisar de registro no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea). Se estiver enquadrado em funções industriais, o profissional terá de providenciar seu cadastramento no órgão. Já funções gerenciais, por exemplo, não têm esse pré-requisito.

Os salários iniciais para os recém-formados no curso giram em torno de R$ 2 mil, segundo Moraes. Com experiência e anos na carreira, a remuneração pode alcançar os R$ 4 a 6 mil.

A auto-suficiência em petróleo no Brasil

A auto-suficiência em petróleo no Brasil, amplamente  divulgada pelo nosso governo, é mais um exemplo de mentiras contadas apenas se falando verdades. Observo muitas pessoas se questionando pelo fato de sermos auto-suficientes e mesmo assim o preço da gasolina não baixa, ao contrário, continua subindo.
Entre muitas outras perguntas que a maioria das pessoas desconhecem suas respostas, vou tentar no decorrer desta postagem esclarecer alguns aspectos dessas perguntas sem respostas.

O termo "auto-suficiente", designa algo que se basta por sí próprio. Mas então se o nosso país alcançou a auto-suficiência, por que o preço da gasolina não baixa? A resposta é muito simples: Porque continuamos comprando petróleo saudita.

A nossa auto-suficiência relaciona-se ao tipo de petróleo que produzimos, que é o óleo de API que varia entre 10 e 20 e com esse petróleo é inviável se extrair gasolina devido a sua natureza de cadeias longas de carbono. A gasolina tem uma cadeia carbônica que varia entre "C10H22 e C15H32" enquanto o nosso petróleo por ser extraído de jazidas muito antigas tem cadeias imensamente maiores que essas, o que encarece o processo de craqueamento (quebra de cadeias) para a formação de cadeias menores.

Por isso a necessidade de se comprar o petróleo saudita que é de API 30, um petróleo mais recente e que tem cadeias menores facilitando assim o seu craqueamento. Não que seja impossível craquear nosso petróleo até a cadeia da gasolina, mas isso o deixaria economicamente inviável. Então é mais barato comprar o petróleo saudita e beneficiá-lo do que beneficiar nosso próprio óleo.

O nosso petróleo só é viável na produção de querosene, óleo diesel e outros compostos de cadeias maiores. Então alguém pode perguntar: Onde fica a tão afamada auto-suficiência?

Somos auto-suficientes no petróleo que produzimos. Hoje não precisamos mais de países estrangeiros para refinar nosso óleo, temos refinarias em condições de refinar 100% do óleo que é extraído no território nacional, o que nos coloca em uma condição bem confortável.

Se vocês pensarem um pouco, verão que o petróleo só é extraído no âmbito comercial em países problemáticos e em caso de uma crise mundial como ocorreu em 1973, onde o mndo ficou sem petróeo, nós não seríamos atingidos em nossas indústrias, sistemas de transporte público e na produção de energia.

Entendo que não é isso que o governo federal levou a população à acreditar e pode ter causado a decepção de algumas pessoas. Mas a parcial auto-suficiência de petróleo nacional é uma grande conquista sim! Pois não nos coloca à mercê de crises internacionais no setor e garante que nosso país não sofra em sua infra-estrutura industrial com uma suposta crise.


segunda-feira, 16 de maio de 2011

Projeto estrutural de Sapatas

1. INTRODUÇÃO
1.1 Definições
Fundações são elementos estruturais cuja função é transmitir as ações atuantes na estrutura à camada resistente do solo. Os elementos estruturais de fundações devem apresentar resistência adequada para suportar as tensões geradas pelos esforços solicitantes. Além disso, uma fundação deve transferir e distribuir seguramente as ações da superestrutura ao solo, de modo que não cause recalques diferenciais prejudiciais ao sistema estrutural nem a própria ruptura do solo.
Segundo a NBR 6122:1996, em função da profundidade da cota de apoio, as fundações classificam-se em:
Fundação superficial: Elemento de fundação em que a ação é transmitida predominantemente pelas pressões distribuídas sob a base da fundação, e em que a profundidade de assentamento em relação ao terreno adjacente é inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação. Este tipo de fundação também é chamada de direta ou rasa.
Fundação profunda: Elemento de fundação que transmite as ações ao terreno pela base (resistência de ponta), por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas e que está assente em profundidade superior ao dobro de sua menor dimensão em planta e no mínimo 3m. Neste tipo de fundação incluem-se as estacas, os tubulões e os caixões.
Neste texto aborda-se o projeto estrutural das sapatas, as quais representam uma das soluções mais utilizadas como fundação superficial. As sapatas são elementos tridimensionais e têm a finalidade de transferir para o terreno as ações oriundas de pilares ou paredes. A área da base das sapatas é projetada em função da tensão de compressão admissível do solo – determinada através de investigação geotécnica (sondagens).
Com relação à forma volumétrica, as sapatas podem ter vários formatos, porém o mais comum é o cônico retangular, em virtude do menor consumo de concreto.

1.2 Alguns aspectos geotécnicos para o projeto de sapatas
[Texto suplementar: extraído de GIONGO & VANDERLEI (2000)]
O projeto de uma fundação envolve considerações da Mecânica dos Solos e de análise estrutural. O projeto deve associar racionalmente, no caso geral, os conhecimentos das duas especialidades.
Este item aborda conceitos básicos associados aos problemas de geotecnia no projeto de fundações, que ajudam a prever e adotar medidas que evitem recalques prejudiciais ou ruptura do terreno, com conseqüente colapso da estrutura.
1.2.1 Investigações Geotécnicas
O engenheiro de fundações deve iniciar o seu projeto com um conhecimento tão perfeito quanto possível do solo onde irá se apoiar a fundação. Os problemas causados em uma superestrutura por insuficiência de infra-estrutura são graves na maioria das vezes, e sempre de correção onerosa. É recomendável negligenciar economias nas investigações geotécnicas, para evitar desperdício ou reforço nas fundações, que poderia ser evitado com a realização de ensaio complementar, cujo valor torna-se irrelevante quando comparado ao valor total do empreendimento.
O projetista deve saber acerca da extrema complexidade do solo, cujo comportamento é função das pressões com que é solicitado, e depende do tempo e do meio físico, não sendo possível definir precisamente a relação tensão-deformação. Uma investigação tão completa quanto possível da natureza do solo é indispensável, no entanto, sempre haverá risco em relação às condições desconhecidas.
A amplitude das investigações geotécnicas é função de diversos fatores, como o tipo e tamanho da obra e o conhecimento prévio das características do terreno, obtidas através de dados disponíveis de investigações anteriores de terrenos vizinhos ou de mapas geológicos.
Através dessas investigações geotécnicas são obtidas as características do terreno de fundação, natureza, propriedades, sucessão e disposição das camadas e a localização do lençol freático, de maneira que se possa avaliar mais corretamente a tensão admissível do solo.
Para fins de projeto e execução, as investigações geotécnicas do terreno de fundação devem seguir as especificações da NBR 6122:1996.
1.2.2 Escolha do tipo de fundações
A qualidade e o comportamento de uma fundação dependem de uma boa escolha, que melhor concilie os aspectos técnicos e econômicos de cada obra. Qualquer insucesso nessa escolha pode representar, além de outros inconvenientes, custos elevadíssimos de recuperação ou até mesmo o colapso da estrutura ou do solo.
O engenheiro de fundações, ao planejar e desenvolver o projeto, deve obter todas as informações possíveis referentes ao problema: estudar as diferentes soluções e variantes analisar os processos executivos prever suas repercussões estimar os seus custos e, então, decidir sobre as viabilidades técnica e econômica da sua execução.
Os fatores que influenciam na escolha do tipo de fundação são analisados a seguir.
a. Relativos à superestrutura
Devem ser analisados aspectos como: o tipo de material que compõe a superestruturas, por exemplo, concreto armado ou protendido, estrutura pré-fabricada, estrutura de madeira, metálica ou alvenaria estrutural quanto a função da edificação, edifício residencial, comercial, galpão industrial, ponte, silos e com relação as ações atuantes, como grandeza, natureza, posição e tipo.
b. Características e propriedades mecânicas do solo
As investigações geotécnicas são primordiais e muito importantes para a definição do tipo de fundação mais adequado. Delas obtém-se dados do solo, tais como: tipo de solo, granulometria, cor, posição das camadas resistência, compressibilidade, etc.
c. Posição e característica do nível d’água
Dados sobre o lençol freático são importantes para o estudo de um possível rebaixamento. Consideráveis variações do nível d’água podem ocorrer por causa das chuvas. Um poço de reconhecimento muitas vezes é uma boa solução para observação dessas possíveis variações.
d. Aspectos técnicos dos tipos de fundações
Muitas vezes surgem algumas limitações a certos tipos de fundações em função da capacidade de carga, equipamentos disponíveis, restrições técnicas, tais como: nível d’água, matacões, camadas muito resistentes, repercussão dos prováveis recalques, etc.
e. Edificações na vizinhança
Estudo da necessidade de proteção dos edifícios vizinhos, de acordo com o conhecimento do tipo e estado de conservação dos mesmos como também a análise da tolerância aos ruídos e vibrações são indispensáveis.
f. Custo
Depois da análise técnica é feito um estudo comparativo entre as alternativas tecnicamente indicadas. De acordo com as dificuldades técnicas que possam elevar os custos, o projeto arquitetônico poderá ser modificado. Um outro ponto relativo ao custo é o planejamento de início e execução, pois, algumas vezes, uma fundação mais cara, garante um retorno financeiro mais rápido.
g. Limitações dos tipos de fundações existentes no mercado
Determinadas regiões optam pela utilização mais freqüente de alguns poucos tipos que se firmaram como mais convenientes localmente o mercado torna-se limitado, sendo, portanto, necessária uma análise da viabilidade da utilização de um tipo de fundação tecnicamente indicada, mas não existente na região.
O problema é resolvido por eliminação escolhendo-se, entre os tipos de fundações existentes, aqueles que satisfaçam tecnicamente ao caso em questão.
A seguir, é feito um estudo comparativo de custos dos diversos tipos selecionados, visando com isso escolher o mais econômico. A escolha de um tipo de fundação deve satisfazer aos critérios de segurança, tanto contra a ruptura (da estrutura ou do solo), como contra recalques incompatíveis com o tipo de estrutura.
Muitas vezes um único tipo impõe-se desde o início, e, então, a escolha é quase automática. Outras vezes, apesar de raras, mais de um tipo é igualmente possível e de igual custo.
Quando o terreno é formado por uma espessa camada superficial, suficientemente compacta ou consistente, adota-se previamente uma fundação do tipo sapata, que é o primeiro tipo de fundação a ser considerada. Existe uma certa incompatibilidade entre alguns tipos de solos e o emprego de sapatas isoladas, pela incapacidade desses solos de suportar as ações das estruturas.
ALONSO (1983) indica que, em princípio, o emprego de sapatas só é viável técnica e economicamente quando a área ocupada pela fundação abranger, no máximo, de 50% a 70% da área disponível. De uma maneira geral, esse tipo de fundação não deve ser usado nos seguintes casos:
• aterro não compactado
• argila mole
• areia fofa e muito fofa
• solos colapsíveis
• existência de água onde o rebaixamento do lençol freático não se justifica economicamente.
Segundo MELLO (1971), o encaminhamento racional para o estudo de uma fundação, após o conhecimento das ações estruturais e características do solo, deve atender as indicações comentadas a seguir.
Analisa-se inicialmente a possibilidade do emprego de fundações diretas. No caso da não ocorrência de recalques devidos a camadas compressíveis profundas, o problema passa a ser a determinação da cota de apoio das sapatas e da tensão admissível do terreno, nessa cota. No caso de haver ocorrência de recalques profundos, deverá ainda ser examinada a viabilidade da fundação direta em função dos recalques totais, diferenciais e diferenciais de desaprumo (isto é, quando a resultante das ações dos pilares não coincide com o centro geométrico da área de projeção do prédio, ou quando há heterogeneidade do solo).
Sendo viável a fundação direta pode-se então compará-la com qualquer tipo de fundação profunda para determinação do tipo mais econômico.
Não sendo viável o emprego das fundações diretas passa-se então a analisar a solução em fundações profundas (estacas ou tubulões).

2. CLASSIFICAÇÃO DAS SAPATAS
2.1 Quanto à rigidez
A NBR 6118:2003 classifica as sapatas quanto à rigidez de acordo com as seguintes expressões:
haopah

Se ()3aahp−≤ ⇒ sapata flexível
Se ()3aahp−> ⇒ sapata rígida
onde
a é a dimensão da sapata na direção analisada
h é a altura da sapata
ap é a dimensão do pilar na direção em questão.
Sapatas flexíveis:
São de uso mais raro, sendo mais utilizadas em fundações sujeitas a pequenas cargas. Outro fator que determina a escolha por sapatas flexíveis é a resistência do solo. ANDRADE (1989) sugere a utilização de sapatas flexíveis para solos com pressão admissível abaixo de 150kN/m2 (0,15MPa).
As sapatas flexíveis apresentam o comportamento estrutural de uma peça fletida, trabalhando à flexão nas duas direções ortogonais. Portanto, as sapatas são dimensionadas ao momento fletor e à força cortante, da mesma forma vista para as lajes maciças.
A verificação da punção em sapatas flexíveis é necessária, pois são mais críticas a esse fenômeno quando comparadas às sapatas rígidas.
Sapatas rígidas:
São comumente adotadas como elementos de fundações em terrenos que possuem boa resistência em camadas próximas da superfície. Para o dimensionamento das armaduras longitudinais de flexão, utiliza-se o método geral de bielas e tirantes. Alternativamente, as sapatas rígidas podem ser dimensionadas à flexão da mesma forma que as sapatas flexíveis, obtendo-se razoável precisão.
As tensões de cisalhamento devem ser verificadas, em particular a ruptura por compressão diagonal do concreto na ligação laje (sapata) – pilar. Estruturas de Concreto - Projeto estrutural de sapatas 6
A verificação da punção é desnecessária, pois a sapata rígida situa-se inteiramente dentro do cone hipotético de punção, não havendo possibilidade física de ocorrência de tal fenômeno.
2.2 Quanto à posição
Sapatas isoladas
Transmitem ações de um único pilar centrado, com seção não alongada. É o tipo de sapata mais freqüentemente utilizado. Tais sapatas podem apresentar bases quadradas, retangulares ou circulares, com a altura constante ou variando linearmente entre as faces do pilar à extremidade da base.
PlantaVista frontalLastro de Concreto
Figura 2.2: Sapatas isoladas
Sapatas corridas:
São empregadas para receber as ações verticais de paredes, muros, ou elementos alongados que transmitem carregamento uniformemente distribuído em uma direção.
O dimensionamento deste tipo de sapata é idêntico ao de uma laje armada em uma direção. Por receber ações distribuídas, não é necessária a verificação da punção em sapatas corridas.
AAPlantaCorte A-A
Figura 2.3: Sapata corrida sob carregamento linear distribuído Estruturas de Concreto.

Sapatas associadas ou combinadas
Transmitem as ações de dois ou mais pilares adjacentes. São utilizadas quando não é possível a utilização sapatas isoladas para cada pilar, por estarem muito próximas entre si, o que provocaria a superposição de suas bases (em planta) ou dos bulbos de pressões. Neste caso, convém empregar uma única sapata para receber as ações de dois ou mais pilares.
O centro de gravidade da sapata normalmente coincide com o centro de aplicação das cargas dos pilares. Para condições de carregamento uniformes e simétricas, as sapatas associadas resultam em uma sapata corrida simples, de base retangular. Entretanto, quando as cargas dos pilares apresentam diferenças relevantes, a imposição de coincidir o centróide da sapata com o centro das cargas dos pilares conduz ou a uma sapata de base trapezoidal (em planta) ou a sapatas retangulares com balanços livres diferentes (em planta).
Usualmente, as sapatas associadas são projetadas com viga de rigidez (enrijecimento), cujo eixo passa pelo centros de cada pilar.

Sapatas com vigas de equilíbrio
No caso de pilares posicionados junto à divisa do terreno (figura 2.5), o momento produzido pelo não alinhamento da ação com a reação deve ser absorvido por uma viga, conhecida como viga de equilíbrio ou viga alavanca, apoiada na sapata junto à divisa e na sapata construída para pilar interno. Portanto, a viga de equilíbrio tem a função de transmitir a carga vertical do pilar para o centro de gravidade da sapata de divisa e, ao mesmo tempo, resistir aos momentos fletores produzidos pela excentricidade da carga do pilar em relação ao centro dessa sapata. Estruturas de Concreto - Projeto estrutural de sapatas 8

2.3 Quanto à solicitação
Sapatas sob carga centrada:
Ocorre quando a carga vertical do pilar passa pelo centro de gravidade da sapata. Neste caso, admite-se uma distribuição uniforme e constante das tensões do solo na base da sapata, igual à razão entre a carga vertical e a área da sapata (em planta). σFk AFk=σ
onde
Fk é a ação vertical na sapata
A é a área da base da sapata